FORÇA NA ADVERSIDADE: O QUE O ENICOL 2025 ENSINA SOBRE SOBREVIVÊNCIA E COMPETITIVIDADE
*por Sol Andreassa
Postado terça-feira 04/11/2025 por Redação
Categorias: Empresas Negócios Feiras & eventos
Em tempos de transição da indústria brasileira — ora sufocada por importações, ora pressionada pela falta de mão de obra, ora instigada pela revolução tecnológica —, o Encontro das Indústrias de Colchões (Enicol 2025) mostrou, em Brasília, que o setor colchoeiro não é apenas um elo discreto da cadeia do mobiliário: é, na verdade, um termômetro da resiliência industrial do país.
O tema oficial, “Conectando tendências, decisões e negócios”, poderia soar como mais um daqueles slogans de evento. Mas, na prática, o que se viu foi um movimento importante de união de industriais em torno de questões reais: antidumping do poliol, inteligência artificial aplicada ao chão de fábrica, vigilância de mercado, ESG de verdade — não o ESG de powerpoint.
A INDÚSTRIA NO ESPELHO
Em dois dias de discussões, ficou evidente que o setor de colchões tem se obrigado a olhar para o próprio espelho. Não é fácil. É um segmento ainda marcado por margens apertadas, forte dependência de insumos importados e pela batalha diária para transformar tecnologia e inovação em percepção de valor. Mas, quando se vê o presidente da Abimóvel, Irineu Munhoz, dividindo mesa com a Abicol para discutir antidumping, percebe-se que existe algo mais profundo em jogo: a sobrevivência de uma indústria nacional que não aceita ser coadjuvante.
As palestras foram menos sobre glamour e mais sobre pragmatismo. Dados, conformidade, reciclagem, inteligência de mercado. Não havia tempo para discursos autoindulgentes. O que se ouviu foi uma mistura de alertas e reflexões.
O FUTURO NÃO VIRÁ DE GRAÇA
Um dos pontos altos foi a exposição de Mike O’Donnell, do Mattress Recycling Council (EUA). Ao relatar os mais de 15 milhões de colchões reciclados em solo americano, deixou no ar uma pergunta incômoda para nós, brasileiros: quantos colchões o Brasil recicla de fato?
Já o debate sobre inteligência artificial trouxe otimismo, mas também uma certeza: as ferramentas estão aí, mas a maioria das indústrias ainda não tem maturidade digital para aplicá-las. A corrida não é apenas por inovação, mas por capacidade de absorção — e isso depende de cultura empresarial, não apenas de software.
UNIÃO COMO PALAVRA-CHAVE
Luciano Raduan Dias, presidente da Abicol, insistiu em um ponto que parece óbvio, mas raramente é praticado: união. E aqui a palavra não serve de enfeite. União é negociar junto contramedidas desleais de importação. É compartilhar dados em um setor historicamente fechado. É, sobretudo, reconhecer que a competitividade brasileira passa menos por discursos governamentais e mais pela ação coordenada de quem produz.
MUITO ALÉM DA VITRINE
A Vitrine Abicol, que correu em paralelo, mostrou máquinas, insumos e fornecedores. E isso somou-se ao impacto de um setor que ousou se expor em seus dilemas e fragilidades. Debate-los. Aprender com eles. E, ao premiar práticas ESG reais e estimular debates francos, o Enicol reforçou algo que vai além do próprio setor: a noção de que não há futuro industrial brasileiro sem enfrentar desconfortos agora.
ENTRE ESPINHOS E FLORES
Se há algo que diferencia a indústria de colchões, é a metáfora que ela carrega em si. Trata de conforto, de descanso, de noites bem dormidas. Mas, para os industriais, o caminho é bem menos macio: enfrentar insumos caros, normatizações rígidas, pressão externa e a urgência de inovar.
O Enicol 2025 deixou claro que o setor está disposto a encarar esse desconforto. E talvez seja justamente essa a lição mais importante: não há colchão capaz de amortecer a realidade — mas há união suficiente para transformá-la.
By Sol Andreassa
Foto: Divulgação Abicol
Somos o Grupo Multimídia, editora e agência de publicidade especializada em conteúdos da cadeia produtiva da madeira e móveis, desde 1998. Informações, artigos e conteúdos de empresas e entidades não exprimem nossa opinião. Envie informações, fotos, vídeos, novidades, lançamentos, denúncias e reclamações para nossa equipe através do e-mail redacao@grupomultimidia.com.br. Se preferir, entre em contato pelo whats app (11) 9 9511.5824 ou (41) 3235.5015.
Conheça nossos portais, revistas e eventos!