Com 200 m², o espaço nasceu do desejo de criar um ambiente voltado ao autoconhecimento e à expressão criativa, que por meio da arquitetura, transportasse o usuário para um universo interior, desconectando-o do mundo externo e estimulando novas percepções.

Inserido em uma região empresarial da cidade, o espaço foi concebido como um ambiente multifuncional, reunindo áreas cuidadosamente desenhadas para diferentes tipos de atividades. O programa inclui recepção, dois consultórios de psicologia, uma sala multiuso, um estúdio de gravação de podcast completamente equipado, um espaço de coffee break e bar, além da arena propriamente dita, um auditório em formato de arquibancada, com capacidade para até 25 pessoas, ideal para apresentações e treinamentos empresariais. Há ainda lavabos de acesso universal e varandas com sofás, bancos e mesas que promovem momentos de integração e descanso entre os usuários.

A arquiteta realizou uma reforma completa, que envolveu a abertura de paredes para integrar os ambientes, substituição de acabamentos, novo projeto luminotécnico e a construção da arena em marcenaria, que se tornou o coração do projeto. O propósito, porém, ultrapassava o aspecto funcional. A intenção era criar um espaço lúdico e envolvente, onde a arquitetura e a arte e a cenografia transportassem o visitante para um universo de novas percepções.

A ludicidade se tornou o fio condutor do projeto. Cada ambiente foi pensado como uma experiência sensorial, capaz de despertar emoções e reflexões. Na recepção, o conceito parte da ideia de uma floresta densa e escura. Sofás envolventes garantem privacidade mesmo em um espaço coletivo, enquanto a iluminação cênica e as obras de arte convidam à introspecção. O corredor, com luz dramática e obras que exaltam liberdade, estimula o visitante a pausar e pensar.

Os consultórios reinterpretam a sala clássica de um analista, com lambris, painéis, tecidos pesados e veludos, além de iluminação quente e indireta que reforça o conforto e a sensação de familiaridade. Cada sala é identificada por uma cor marcante, como o bordô e o mostarda. No espaço de coffee break e na arena, o piso de grama com desenhos orgânicos, a vegetação pendente e elementos de época, como a geladeira retrô laranja-choque, criam uma atmosfera divertida e acolhedora. Bancos de futons e almofadas completam o ambiente, convidando ao relaxamento.

A sala multiuso segue uma estética industrial e descontraída, com cores vibrantes e mesas componíveis, enquanto o estúdio de podcast combina tecnologia e cenografia, com cordas e iluminação cênica que equilibram o técnico e o artístico. Nos lavabos, detalhes inesperados reforçam a proposta lúdica, como as toalhas que exibem mensagens inspiradoras e as esculturas de formigas que surgem como pequenas surpresas visuais.

A paleta de cores varia conforme a função e o clima desejado para cada ambiente. Tons de verde musgo predominam na recepção, criando a sensação de estar em meio à natureza, enquanto os espaços coletivos e criativos adotam uma composição mais colorida e descontraída. Os revestimentos neutros funcionam como base para que mobiliários e objetos, em sua maioria garimpados em antiquários, expressem personalidade e história.

A iluminação foi planejada de forma estratégica, alternando entre momentos de destaque para obras e objetos e situações mais suaves que criam atmosferas distintas conforme o uso do espaço. Nos ambientes principais, como a arena, os consultórios e o estúdio, ela foi setorizada, permitindo diferentes configurações e sensações, entre o funcional, o aconchegante e o cênico.

Além do apelo estético e simbólico, o projeto incorpora soluções tecnológicas em automação de som e vídeo, garantindo qualidade técnica nas palestras e gravações. Concluído em 2024, após sete meses de obra, o projeto Arena propõe uma nova forma de vivenciar o espaço criativo, em que a arquitetura atua como mediadora entre introspecção, sensibilidade e bem-estar.

Studio KP Arquitetura

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By Vanessa loiola
Foto: Renan Soares